31 de dezembro de 2013

Mulher

Mulher,

Te espero

Por entre

As grades da janela.


Gritos, devaneios,

Não sei quem sou.


As palavras,

São minhas amigas

Que da loucura

Me salvam.


Marcus Vinícius Beck


Mundo perigoso

Garota,
O perigo está próximo.
Nos tempos atuais,
Fazer sexo é risco de vida,
Fumar maconha é proibido.

Desejo acender teu fogo,
Teus lábios cálidos, saboreá-los
Tuas vísceras, senti-las.

Siga-me na imensidão
Sem compromissos, ou formalidades
Que ninguém as entendem
Mas todos as seguem, sem preocupação.

Quem questiona o próximo?

Pra quê usar camisinha?
Se eu anseio você naturalmente

O mundo tornou-se perigoso,
As pessoas frívolas,

Os sentimentos são mascarados pela ganancia.

Marcus Vinícius Beck

Prazer do cotidiano

Marina era a garota mais linda do colégio. Tinhas olhos esverdeados, cabelos lisos e longos e um corpo deslumbrante. Provavelmente eu era o cara mais bêbado e chapado. Adorava um baseado e algumas doses para alegrar meus dias. Ela, adorava arte. Quando conversávamos podia notar facilmente sua voz meiga, entrando nos meus tímpanos.

Lembro-me um dia que saí do cursinho e fui em um bar beber com os amigos. Logo, peço uma cerveja, pois estava calor. Era uma noite serena e clara, a luz noturna estava magnifica. Tudo conspirava em ser a mesma monotonia boemia. Porém as coisas podem mudar repentinamente.

Vou ao banheiro mijar, quando volto, caminho em direção ao bar, atrás de uma cerveja. Peço ao garçom uma dose de Nattu Nobbiles. Ela vem caprichada. Bebo um pouco de leve e vou à mesa. Tudo podia ser normal, entretanto não contava em cruzar com Marina. Marina no mesmo instante me reconheceu, eu retribui sua gentileza. Ofereci à ela um pouco de uísque. Ela não hesitou em aceitar. Começamos a conversar. Fui sentar na sua mesa, com seus amigos idiotas. Aquele momento era mágico, nada podia me afetar. Tudo era cintilante.

Nossa conversa foi fluindo. Ela estava com algumas garotas e também alguns rapazes. Eu não dava muita importância para eles, queria saber de Marina. Nunca tive a singela oportunidade de conversar com ela no colégio. Não havia como desperdiçar essa chance.  Queria ela mais que tudo. Parecia-me que seus lábios olhavam para mim. Notava sua felicidade, sua ternura, sua gentileza para com o sujeito mais depravado do recinto.

Levanto atrás de mais uma dose de uísque. Sem perceber, ela vem junto comigo. Novamente o garçom foi generoso, o copo voltou transbordando. Beberiquei um pouco, ela também.
Sem pensar muito, um beijo lhe dei. Com a maior desenvoltura, ela não relutou. Algo se acendeu dentro das minhas vísceras. Esperei por alguns meses por esse momento, enfim chegou.

- o que acha de irmos dar uma volta lá fora – falei.

- acho uma excelente ideia – bradou.

- vou pegar mais uma cerveja, pode ser?

- claro.

Saímos do bar com o intuito de caminhar sem rumo. A intenção era apenas eu e ela, sem ninguém para encher o saco. Percebia meu sonho se tornar realidade. Ela deu sua mão, beijei-a e logo a segurei. Entre um trago de cerveja e olhares provocantes, outro beijo dei-lhe. A sintonia não poderia ser melhor. Estava convicto que nada naquele momento iria nos atrapalhar.

Andamos por várias quadras apenas conversando e se beijando. .

Voltamos ao bar. Meus amigos ainda estavam ali. Os dela também. Vieram com comentários inúteis, momentaneamente mandei um ir à merda.

- quer dizer que o galã foi dar uns pagas?

- cara, vá toma no cu.

- veja bem como você fala comigo.

- olha, seu playboy de merda, posso arrebentar sua cara imunda aqui se eu quiser. Além do mais nem te 
conheço, o que tornaria as coisas muito mais fáceis para mim.

Um momento de tensão tomou conta do ambiente. Marina acalmou ele, enquanto meus amigos me tiraram de perto do sujeito. Eles sabiam que o negócio estava ficando cada vez mais tenso.

Marina propôs a brilhante ideia de irmos embora.

- Marcus, vamos embora?

- vamos – acato sem pestanejar – mas vamos para onde?

- para minha casa.

Para minha sorte ela propôs a sua casa. Pois eu morava com meus avós, e eles eram um pouco conservadores com relação as garotas que levava lá. O melhor mesmo, quando surgia uma oportunidade de dar uma trepada, era ir à casa da garota.

Marina era uma criatura sensacional. Além de uma aparência física exuberante, ela tinha algo dentro de si que as palavras são conseguem descrever. Eu tinha a convicção de que algum homem um dia iria acabar com ela, esperava que não fosse eu.

Entramos no seu Golf verde metálico. Ela perguntou que gênero musical eu gostava, rock and roll respondi. Então tratou de colocar Janis Joplin no som. Aquela voz rouca da diva do blues, era a combinação perfeita no momento.

Porém comecei a pensar: ela deve ser uma garota muito foda. Eu ainda nem sei dirigir, e ela que irá me levar embora, e pra sua casa, após ter causado confusão com seus amigos no bar. Que sujeito idiota era. Talvez minha especialidade fosse estragar os momentos, mas com ela eu estava me esforçando. Não gostaria de cagar em tudo.

Chegamos na sua casa. Não havia ninguém em casa. Apenas eu e ela. Sentei-me no sofá da sala, enquanto a esperava com nossos drinques. Ela havia preparado uma dose de uísque para ambos, porém em apenas um copo, pois segundo Marina, ela gostaria de sentir minha saliva que ficava na borda do copo.

Passamos várias horas apenas conversando, sem fazer nada. Sempre dei grande valor em ouvir o que sentem as mulheres, porque, a maioria dos homens por aí, quer apenas trepar. Eu pensava diferente, talvez isso me fizesse um cara estranho. Talvez não. Logo já teria descoberto.

Lá pelas 5 horas da manhã, resolvemos ir para o seu quarto. Sentei em uma cadeira que havia. Ela trocava de roupa, eu bebericava nosso uísque.

- dá pra fumar aqui? – pergunto.

- meus pais não gostam, se você puder evitar ou ir lá fora.

- não, por você fico sem fumar.

- que bonitinho...

Quando Marina terminou de se aprontar, simplesmente estava sensacional. Com seus maravilhosos cabelos soltos, seus lindos olhos de faróis que penetravam às entranhas da minha alma. Eu estava hipnotizado pela sua beleza.

Por alguns instantes permanecei estagnado.

Ela se direcionou para baixo das cobertas, chamando-me. Não tinha como recusar. Um beijo lhe dei. Minhas mãos foram descendo para dentro da sua calcinha. Não havia nada ali, então restou apenas, bolinar sua vagina delicadamente. Podia ouvir o som do seu gemido levemente, isso me deixava com tesão. Outro beijo ela me deu. Sua mão desceu até o botão da minha calça, abrindo-o e posteriormente tirando-a.
Começarmos a fazer amor suavemente. Queria prolongar o prazer o máximo possível. Enquanto trepávamos, Marina gemia de prazer.

- gostosão...

- você não viu nada ainda.

Acabou, deitei por entre seus seios e dormi.

Acordei de manhã e seus pais ainda não estavam em casa. Preparei uma dose de uísque e fiquei admirando Marina dormir seu sono profundamente. 

Marcus Vinícius Beck

26 de dezembro de 2013

Jéssica, paixão efervescente

Adentro no ônibus, passo pela catraca. Consigo me acomodar em um dos primeiros bancos que encontro vazio. Ligo uma música no fone de ouvido, pois sou daqueles que acredita no poder da canção. Depois de um dia cansativo e entediante, nada melhor que beber uma cerveja.

Mas durante o trajeto até minha humilde residência, avisto a maior beleza de minha vida. Não consigo me segurar e pergunto seu nome:

- Olá, como se chama? – pergunto com felicidade.

- Jéssica – ela me responde com uma voz sensual e meiga.

- Estava te olhando com apostilhas de cursinho, irá passar em quê?  - emendo com esperança.

- Jornalismo – responde.

- Eu sou jornalista, amo jornalismo e literatura – replico automaticamente.

Demos seguimento à conversa com muita vibração. Fico extremamente preocupado em olhar seus seios garbosos. Talvez tenha percebido, mas foda-se, estava hipnotizado pela beleza exuberante da garota mais linda que já virá na vida. Seus olhos, negros, misteriosos, dominavam minha razão. Suas unhas pintadas de vermelho, iluminavam as profundezas da minha alma.

Talvez tudo tenha um sentido na vida, mas eu amo as mulheres. Não há como ter culpa. As mulheres mechem com meu consciente. A delicadeza, marca registrada das divas, dispensam qualquer espécie de comentário. Pode ser apenas uma paixão que se acende sem um sentido óbvio. Um desejo inexplicável de sentir suas lábios galantes pareciam estar me chamando.

O ônibus para em seu ponto. Ela acaba descendo. Resolvo descer atrás, afinal estávamos em um sintonia caliente. Seguíamos conversando sobre inúmeras coisas.

Até que resolvo beija-la. Pensei que haveria resistência de sua parte. Nada. Sentia-me realizado e ao mesmo tempo querendo mais. Queria era seu corpo todo despido sobre o meu. Suas nádegas sobre o meu corpo. Seus seios livres, ansiava em acaricia-los. Estava inebriado pelo fulgor da sua efervescência intelectual e pela sua elegância física. Encontrava-me magnetizado. Privado de todos os meus sentidos.
Quando dei-me conta, estávamos fazendo sexo despreocupadamente.

A melhor sensação era sentir sua vagina. Perceber e posteriormente dar-se conta do prazer que Jéssica me proporcionava. Eu só queria era ama-la até o dia nascer. Por que se preocupar? Sentir o ardor dos seus lábios nas minhas partes mais íntimas, tornava minha percepção flácida.
A noite acabou. As horas chegaram. O tempo chegou.

Procuro seus quadris em vão. No lençol, a prova do que aconteceu entre nós na noite passada.
Preciso ir embora. Mas necessitava de um beijo refrescante nos seus lábios carnudos. Consigo ganhar seu beijo, porém não queria nunca mais acaba-lo.

Seus cabelos pretos, lisos. Seus óculos de grau, envolto de um piercing no seu nariz esbelto, nunca essa imagem abandonará meu cérebro. O prazer é singelo. Amar é vida. Viver é foda. Mas amar você é indescritível.

O tesão físico proporcionou ao meu dia um desejo de beber a bebida mais forte. Paro em um bar. Peço uma dose de rum, em seguida uma cerveja para refrescar. Nada melhor que começar a beber cerveja, após ter bebido algo quente -  aquele rum desceu macio. Acendo um cigarro. Penso na noite anterior, quando ela deixou meu mundo alegre por alguns instantes. Beber naquele momento era o melhor que se podia fazer. Ainda imaginava sua vagina apertada e quente. Como meter com ela mexia com minha inépcia. Sentia-me um verdadeiro galã global.

Chego na minha residência. Tenho textos para finalizar, matérias por acabar.

Pego meu celular, resolvo ligar para ela, então me vem à cabeça: não tenho sua número. Acendo uma baseado, sinto a hora passar devagar, entro em sintonia comigo mesmo. Pensamentos vem e vão. Talvez uma puta seja uma ideia do caralho. Mas porque uma puta agora? Eu tinha apenas uma certeza, queria amar você despreocupadamente, congelar o tempo se possível. Porém nada na vida é para sempre. As coisas acabam quando menos se espera. Até meu cigarro uma hora não exalará sua fumaça ao meu pulmão.

Caminho pelas calçadas esburacadas do Jardim Carvalho. Encontrava-me inebriado pelo fulgor do álcool nas minhas veias. O mundo podia acabar, eu estava na paz interior jamais vista.

Chego no bar, após alguns minutos viajando comigo mesmo. Encontro o Pietro, peço uma cerveja para nós. Mas quem eu avisto de longe? Jéssica, minha paixão da noite passada.

Me direciono até ela e pergunto:

- Olá, boa noite?

- Boa noite, responde com sua suave voz.

- O que irá fazer hoje?

- Sair com algumas amigas e meu namorado.

- Mas sente-se tomar uma cerveja.

- Será?

- Porque não, retruco incessantemente.

Conversamos os três juntos. Vou me aproximando dela. Pergunto seu número e logo em seguida o anoto. Novamente seu seio transformou meu olhar. Talvez tenha notado, mas o que é bonito precisa ser percebido.

Peço um beijo e ela resiste:

- Mas porque, o que há de mal? Indago com veemência.

- Meu namorado está para chegar com minha amiga. Responde com astúcia exacerbada.

- Foda-se, grito.

- Eu não consigo esquecer ontem, gostaria de repetir a dose. O que acha?

- Eu também adorei sentir teu pau dentro de mim, mas o que posso fazer?

- Mandar esse idiota ir se foder.

- Chega porra, ela fala.

Após alguns minutos de silencio, dirijo-me ao banheiro. Urino, lavo minhas mãos, acendo um cigarro, já me dirigindo a mesa. Pietro conversava com a Jéssica. Sento na mesa. Peço uma dose de rum. Bebo, peço mais uma cerveja.


O namorado de Jéssica chega. Era uma rapaz com braço enorme. Certamente na sua cabeça ele acreditava ser o Hulk. Ela me apresenta como um amigo, conversamos, mas logo nota-se que o distinto não era dos mais inteligentes. Fico imaginando: esse idiota deve adorar carros e ouvir essas músicas degradantes, enquanto eu bêbado e chapado sem me entender direito, estava hipnotizado pela sua mulher. A mulher mais linda que conheci. 

Marcus Vinícius Beck

17 de dezembro de 2013

Fluxo de felicidade do indigente

As vezes caminhar na noite escura alivia todo fluxo de pensamento desvairado. Não sei quem sou, sei apenas tocar violão e escrever alguns contos malucos. Por mim passaria toda minha vida fumando e bebendo sem preocupações, mas o sistema é predador, quando menos se espera, tudo se foi. As horas passaram. A música parou de tocar, as pessoas foram embora. Talvez arranjar explicações não resolva de nada minha angustiante situação. Nos últimos dias vivenciará incertezas, via apenas escuridão no fim do túnel.

Sem palavras perfeitas ou intenções decentes, ansiava apenas viver na mais plena liberdade que o homem pode desfrutar. Entre meus plenos estavam garrafas de gim e cigarros baratos, a vida era simplesmente isso: cair de bêbado nas valetas da vida. Viver é sinônimo de aventura, resta saber que espécie de aventura é essa. Pode ser uma coisa natural ou um devaneio insano.

Apenas os vagabundos são felizes. Aqueles que relutam em ir ao trabalho. Aqueles que não se desvencilham da malandragem noturna. Belos homens com o coração transbordado de energia. Viver é um malabarismo cotidiano, sem frescuras ou formalidades. Sempre optei pelos incorretos perante essa sociedade ingrata que vivemos. Eles sim, sabem o verdadeiro significado da vida. Conhecem profundamente as entranhas e as mazelas do mais macabro cortiço até os burgueses que nada sabem.

Os momentos nos reservam surpresas fúteis. A cada instante somos obrigados a nos submeter as mais tenebrosas posturas. Quantas vezes fomos maléficos com nossos companheiros de luta. Porque viver é simplesmente uma verdadeira luta, sem direito a repetições do mesmo filme.

Beber nem sempre é algo corriqueiro em meus dias. Ultimamente venho bebendo doses cada vez maiores, não êxito em afirmar: as vezes ser sóbrio demais é extremamente prejudicial a nossa inteligência.
As respostas são algo distante do mundo convencional. Ele cobra apenas atitudes, não importa se são corretas ou antiéticas, quem tem grana manda, quem não tem, se sujeita a obedecer sem esbravejar. Injustiça filha da puta essa.

Todos ao meu redor trabalham. Alguns almejam sonhos. Querem ter filhos para poder posteriormente contar sobre sua juventude, escondendo passagens importantes como bebedeiras irresponsáveis. Prefiro eu ficar acompanhado de meu violão sem algum tostão nos bolsos, mas muito amor no coração. Porque viver é isso.

Marcus Vinícius Beck