17 de dezembro de 2013

Fluxo de felicidade do indigente

As vezes caminhar na noite escura alivia todo fluxo de pensamento desvairado. Não sei quem sou, sei apenas tocar violão e escrever alguns contos malucos. Por mim passaria toda minha vida fumando e bebendo sem preocupações, mas o sistema é predador, quando menos se espera, tudo se foi. As horas passaram. A música parou de tocar, as pessoas foram embora. Talvez arranjar explicações não resolva de nada minha angustiante situação. Nos últimos dias vivenciará incertezas, via apenas escuridão no fim do túnel.

Sem palavras perfeitas ou intenções decentes, ansiava apenas viver na mais plena liberdade que o homem pode desfrutar. Entre meus plenos estavam garrafas de gim e cigarros baratos, a vida era simplesmente isso: cair de bêbado nas valetas da vida. Viver é sinônimo de aventura, resta saber que espécie de aventura é essa. Pode ser uma coisa natural ou um devaneio insano.

Apenas os vagabundos são felizes. Aqueles que relutam em ir ao trabalho. Aqueles que não se desvencilham da malandragem noturna. Belos homens com o coração transbordado de energia. Viver é um malabarismo cotidiano, sem frescuras ou formalidades. Sempre optei pelos incorretos perante essa sociedade ingrata que vivemos. Eles sim, sabem o verdadeiro significado da vida. Conhecem profundamente as entranhas e as mazelas do mais macabro cortiço até os burgueses que nada sabem.

Os momentos nos reservam surpresas fúteis. A cada instante somos obrigados a nos submeter as mais tenebrosas posturas. Quantas vezes fomos maléficos com nossos companheiros de luta. Porque viver é simplesmente uma verdadeira luta, sem direito a repetições do mesmo filme.

Beber nem sempre é algo corriqueiro em meus dias. Ultimamente venho bebendo doses cada vez maiores, não êxito em afirmar: as vezes ser sóbrio demais é extremamente prejudicial a nossa inteligência.
As respostas são algo distante do mundo convencional. Ele cobra apenas atitudes, não importa se são corretas ou antiéticas, quem tem grana manda, quem não tem, se sujeita a obedecer sem esbravejar. Injustiça filha da puta essa.

Todos ao meu redor trabalham. Alguns almejam sonhos. Querem ter filhos para poder posteriormente contar sobre sua juventude, escondendo passagens importantes como bebedeiras irresponsáveis. Prefiro eu ficar acompanhado de meu violão sem algum tostão nos bolsos, mas muito amor no coração. Porque viver é isso.

Marcus Vinícius Beck 


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