Esta discussão, apesar de parecer desnecessária em um primeiro momento, é importante para desmistificar alguns conceitos equivocados dados ao estilo e que, de certa maneira, mostram que ele é muito mais complexo e difícil de ser classificado quanto se parece. Não existe na bibliografia ligada ao estilo uma convergência exata de quando e como o termo "rock progressivo" começou a ser utilizado. A mais aceita foi a de que o termo foi usado para definir bandas de rock que tinham influência da música clássica e do "avant-garde", usando alguns conceitos desses estilos em sua música. Aliás, o próprio termo "progressivo" em si vem de propostas e formas musicais adotadas por essas vertentes desde aproximadamente os séculos XVIII e XIX.
Apesar de vaga e de não explicar por que grupos como Rush e Uriah Heep, por exemplo, que não possuem influências de música clássica em sua sonoridade, são incluídos nessa classificação, essa foi a definição mais aceita sobre o surgimento do termo "rock progressivo", provavelmente direcionada a grupos ingleses como ELP, Yes, Renaissance e King Crimson, que possuíam clara influência de música clássica e, em menor escala, da música vanguardista em seu som.
Outro, e também frágil, consenso, em relação à utilização desse termo é que ele teve seu início com a crítica inglesa no lançamento do primeiro disco do King Crimson, "In the court of the crimson king", em outubro de 1969.
Na primeira metade dos anos 70, o termo rock progressivo dividia espaço com a também vaga classificação "art-rock", que posteriormente seria utilizada para definir grupos como Supertramp, Alan Parsons Project e Roxy Music. Outros termos relacionados, que também surgiram nessa época, como "mellotron music", "moog bands", "experimental rock" ou "classic rock" eram usados em casos isolados. A paritr de aproximadamente 1972 e 1973, surgiram na crítica especializada inglesa e estadunidense definições mais específicas sobre o termo, indicando também subestilos para o progressivo, como o "sinfônico" (ligado a bandas como o Yes, King Crimson e Genesis), "space rock" (ligado a grupos como Pink Floyd, Gong e Hawkwind) e "Krautrock" (referente a bandas experimentais alemãs como o Can, Neu!, Kraftwerk e Ash Ra Tempel). Apesar dessa classificação um pouco mais aprofundada, o termo rock (ou mais raramente música) progressivo ainda continuava um tanto vago, pois bandas tão díspares como ELP, Henry Cow e Faust acabavam sendo colocadas no mesmo saco, mesmo compartilhando, se muito, de uma remota semelhança sonora.
A vaga classificação também fez com que, ainda na década de 1970, artistas como David Bowie e Frank Zappa também fossem inclusos no rótulo de rock progressivo, mesmo que ambos, apesar de respeitarem o estilo e até com trabalhos relacionados a ele, rejeitassem veementemente essa denominação em sua música.
Nem todos os artistas, porém, rejeitavam-na. Pete Townshend, guitarrista e líder do Who, por exemplo, afirmou que trabalhos conceituais da banda como "Tommy" (1969) e "Quadrophenia" (1973) se encaixavam no estilo. Não obstante, apesar de serem trabalhos de grande qualidade, não tinham caracterísitcas que permitissem incluí-los dentro do rock progressivo.
A década de 80, com o gênero colocado na geladeira pela crítica, fez com que sua definição fosse, com exceções, apresentada apenas de forma pejorativa, como musica "chata", "pretensiosa", "megalomaníaca" e assim por diante... Alguma discussão acabou ocorrendo com o surgimento de uma cena de progressivo vanguardista nos EUA nesse período ou com algumas bandas de neo-progressivo como Marillion e Pallas, mas a crítica em si mostrou pouco interesse em divulgar ou analisar essas cenas mais a fundo. Pode-se, nesse mesmo período, ser citada também a ascenção da "New wave of British heavy metal", cena metal inglesa surgida no início dessa década, em que os grupos, entre várias influências, citavam o rock progressivo como importante no desenvolvimento de sua música. Mas esse aspecto também passou despercebido pela crítica.
Todavia, a classificação de "rock progressivo" começou novamente a ser discutida na entrada dos anos 90, principalmente com o surgimento de cenas como o metal progressivo e o post rock, que tinham influência clara do progressivo setentista, e de grupos como o Radiohead, Fantômas e Mr. Bungle, que acabaram sendo classificados como progressivos pela ineficiência da crítica em indicar algum estilo musical mais apropriado para eles. Por outro lado, alguns fãs mais antigos torceram (e ainda torcem) o nariz ao verem esses grupos citados como progressivos, por não se assemelharem aos medalhões dos anos 70. A discussão ainda não está totalmente encerrada, mas a simpatia de grupos como Dream Theater e Tortoise em chamarem sua música de rock progressivo dão animadores sinais da adesão desses estilos ao gênero.
Os sítios especializados em progressivo muitas vezes também ajudam a aumentar essa confusão sobre uma possível definição. Dois dos principais sítios de progressivo são o Gibraltar (http://www.gepr.net/genre2.html) e o Prog Archives (www.progarchives.com). Cada um deles, à sua maneira, tenta formas de encontrar novas influências ou subestilos do progressivo em outros estilos do rock. O primeiro, em sua excelente lista de classificação de subestilos, acaba englobando alguns um tanto inusitados como avant-jazz, sinfônico moderno e arena rock, relacionando outros como blues rock, industrial e até mesmo o punk e post-punk com alguma ligação ao progressivo. Apesar das explicações sob essas adições serem em parte coerentes, as mesmas confundem um leigo que tenta descobrir o que exatamente é o estilo. Em relação ao Prog Archives, o sítio criou um curioso subestilo denominado "prog-related", que inclui bandas e artitstas que possuem "relação" com o rock progressivo, com grupos como Iron Maiden, Led Zeppelin, Muse e até Masterplan ali inclusos. Apesar de louvável, a classificação se torna um tanto vaga, não definindo o que seria essa "relação", às vezes muito tênue, entre esses grupos e o progressivo. Em alguns casos, contudo, incluem nesse subestilo artistas claramente ligados ao progressivo, como o tecladista francês Jean Michel Jarre e a banda brasileira Cartoon.
Atualmente, o termo "rock progressivo" voltou a ter algum tipo de discussão sobre o que realmente um grupo ligado ao estilo deve possuir para poder ser classificado como tal. Em alguns países, entretanto, o termo está sofrendo um lento e gradativo desuso, em que o termo "progressivo" é usado apenas a um tipo de música ou proposta sonora e não a um "movimento" ou "cena" musical, o que, por sinal, nunca existiu realmente. Em algumas publicações, termos como rock sinfônico e Krautrock não mais se relacionam ao rock progressivo, mas são estilos próprios de rock, apenas com algumas características "progressivas". Como nos anos 70, um consenso em relação à classificação ainda está um pouco distante, mas algumas características adicionais, como a mistura de vários estilos musicais, longas faiaxas e quebras de tempo foram inclusas na classificação, tentando pelo menos diminuir a confusão em relação a essa análise.
Apesar de interessante e necessária, a questão do que seria, é ou pode ser progressivo acaba se tornando irrelevante para quem aprecia o estilo. Podemos, aliás, concluir este artigo definindo com precisão o que seria rock progressivo ou por que bandas tão distintas como Can, Pink Floyd, Tangerine Dream, Symphony X e Mogwai possuem realmente em comum: música de qualidade.
Fonte: Wikipédia
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