27 de janeiro de 2014

Meu gato

Meu gato
Senta por aí
Lambe seu cu
Descompromissado

Dorme,
Come,
Ronrona,
Me acalma

Meu felino
Amigo
Narcisista

Piá
Levanta sua barriga
Pra eu acarinhá-la


23 de janeiro de 2014

Soneto noturno

À noite bebo
Trepo
Fumo
Escrevo

Não tenho preocupações
Tudo se resolve
Ou deveria
Ao menos se resolver

Migalhas
Mentiras
Mentes

Mentiroso,
Quem?

O poeta, que fechou o livro.

Marcus Vinícius 

8 de janeiro de 2014

Apenas um cigarro

alguns gritam por respeito
outros querem apenas
um cigarro,
ou um belo trago de vinho

as vezes procurar
solução nos livros não adianta,
fugir da teoria faz-se necessário.

todo homem precisa
da mesa do bar,
das conversas boemia,
dos papos "insanos".

homens:
seres desvairados

os idiotas levantam cedo
enquanto os inteligentes
bebem álcool
na madrugada,
como se os minutos
estivessem contados.

todos dizem que pensam
mas pensar é um problema.

talvez o mundo seja maluco,
ou eu esteja bebendo demais
àquele álcool
que não é a tua saliva.


 Marcus Vinícius Beck

 

7 de janeiro de 2014

Revista Rolling Stone



Por volta das 6 horas da tarde, encontrava-me degustando meu café, acompanhado por um cigarro, quando avistei uma verdadeira preciosidade musical. Tratava-se de uma revista – edição limitada- da vida e obra do mítico Bob Dylan. Era a Rolling Stone. Meu coração instantaneamente entrou em transe. Somente os amantes desse maluco gênero musical, sabem o que é o rock and roll. Eles entendem o que sente quando se vê algo tão raro e ao mesmo tempo, tão genial e marcante como tal publicação.

Minha retina ficara hipnotizada. Não havia sequer um único tostão em meus bolsos. Entretanto havia a vontade de adquirir um verdadeiro item de colecionador. Bob Dylan representa algo supremo dentro da musica de protesto dos anos 60. Suas letras poéticas ainda colocam muita cabeça para funcionar. Para mim nem se fala, Dylan fora imortalizado no épico Higway 61 de 1965 – clássico da música contemporânea.

Sentia o cheiro das páginas brancas, novas. Elas eram superiores a todas as publicações que havia no local. Folhar as páginas constituía-se uma emoção indescritível. Apenas os roqueiros de plantão se identificarão com a descrição citada.

Tentei relutar. Procurei agir com clareza e racionalidade. Não possuía nem um mísero centavo, como iria levar a mítica revista de Dylan? Havia apenas uma hipótese. Alguns julgam como incorreto, símbolo de vagabundagem e coisas do gênero. Eu julgava como sendo nada demais. E realmente, pegá-la comigo e levá-la embora sem pagar, não era assim um descalabro social exorbitante. Quem nunca fez isso com um livro que o contagiou e posteriormente quando chegou o momento de devolvê-lo, preferiu omitir a devolução.

Jamais uma obra de arte pode ser demasiadamente racional. A literatura é isso, a música idem. Ao invés de devolvermos e posteriormente algum assassino dos bens culturais depredar o patrimônio artístico, é preferível que cuidemos nós, meros amantes da arte.

Marcus Vinícius Beck

Devaneios

Entre lágrimas e suspiros
Devaneios e desatinos,
Você passa por mim
Ascendo um cigarro.

Meu coração se acelera
Minhas mãos ficam suadas,
Bebo um gole de cerveja.

Nada é como imaginamos
Fazemos planos, 
Para depois nos lamentarmos
Na frente da televisão
Em uma tarde,
Transbordando vida.

 Abro o livro
As palavras me olham
Eu as olho, 
Conversamos e depois filosofamos
Na mesa do bar.

Marcus Vinícius Beck



3 de janeiro de 2014

Diálogo conjugal

Em casa, um casal buscava algo que esquentasse a desgastada relação.

José teve a brilhante ideia:

- querida, o que acha de um filme pornô?

- não sou muito fã dessas coisas – afirmou Vânia, mulher de José.

José passou alguns instantes pensativo. Ele queria era mesmo, assistir o tal filme pornô com sua amada, que de uns tempos pra cá, já havia deixado de lado toda aquela efervescência amorosa dos primórdios da relação.

Vânia dava pouca atenção ao marido. José por sua vez, trabalhava em demasia. Era professor, quando estava em casa, vivia em cima dos livros. Atenção a sua mulher, só mesmo nos tempos de outrora.

José não se aguentou e resolveu ligar para o call center da NET.

- gostaria de comprar um canal erótico – bradou José.

- temos vários aqui senhor – falou a moça da NET.

- quais?

- Playboy TV, Max prime (esse apenas de madrugada) e vários outros.

- sei. Acho que optarei pela Play Boy TV.

- boa escolha.

Quando desligou o telefone, José sentia que tinha feito a escolha correta. Seu casamento ia de mal a pior, então algo precisava ser feito. Nada melhor que um filminho erótico pra apimentar a relação – pensava ele.

Com todo o entusiasmo do mundo, o professor foi contar à sua mulher seu feito:

- querida, hoje vamos fazer algo diferente.

- e o que seria esse ‘algo diferente’? – respondeu Vania.

- comprei um canal erótico.

- e isso você chama de ‘algo diferente’?

- sim.

- que merda. Pensei que iriamos a um motel.

- Vânia meu amor, o dinheiro está curto nesses dias. Pensei que sabia das nossas dificuldades financeiras.

- sei, mas um motel sempre vai bem.

José ficou estagnado por vários minutos, sem reação alguma. Ele queria salvar seu casamento, entretanto sua situação financeira impedia.

O sensato mesmo era ficar apenas com os filminhos pornôs – pensou José.