1 de agosto de 2011

The Doors - Psychedelic rock



       
Os Doors foram uma banda única, irreverente e ousada, indo contra os padrões musicais vigentes da época (1965). Misturavam letras com poesia surreal, temas como morte e misticismo, bateria e teclados jazzísticos, guitarras flamencas e, é claro, o mito chamado Jim Morrison. Uma banda que nem sequer baixista tinha. Enfim, um clássico do rock'n'roll.





James Douglas Morrison nasceu em 8 de dezembro de 1943, na Florida. Desde pequeno, Jim gostava de ler livros como os dos autores Kafka e Friedrich Nietzsche. Um acontecimento marcou a sua infância: Jim viajava com a família, quando passou por um carro acidentado na beira da estrada, vendo o espírito de um velho índio xamã. Reza a lenda que o índio acompanhou Morrison por toda a sua vida.



Depois de estudar psicologia na Florida, decidiu tentar a sorte na faculdade de cinema da UCLA, em Los Angeles, onde conheceu Ray Manzarek. Manzarek, na época, já era um tecladista de formação clássica com bastante experiência em bandas de jazz. Jim descobriu com Ray a sua paixão por blues e jazz, e resolveu mostrar-lhe algumas das suas poesias. Bastante impressionado, Ray decidiu convidar Morrison para uma nova banda. O nome, escolhido por Jim, veio de um verso do poeta inglês William Blake: "Quando as portas da percepção forem abertas, o homem verá as coisas como elas realmente são: infinitas".



A dupla conhece o baterista John Densmore numa palestra do guru indiano Maharishi Maheshi Yogi. Densmore já tocava em outras bandas, mas sentiu na dupla algo diferente, e resolveu então juntar-se aos Doors.



Fazendo uma combinação de piano , bateria e poesia, conseguem um contrato com a Columbia, graças a Billy James, que já havia contratado os Byrds. James, porém, fez uma ressalva: deveriam contratar um guitarrista. Aí entra em cena Robbie Krieger, amigo de Densmore nas meditações transcendentais. Robbie havia sido rejeitado por várias outras bandas por o seu estilo de jazz e flamenco. Mas foi justamente este ecletismo que o fez entrar nos Doors.



O ano de 65 passou e nada foi gravado. Perdem o contrato com a Columbia e começam a tocar a torto e a direito pela California. A transformação nos palcos era evidente: Jim deixava de ser tímido e frágil para se tornar um performer visceral, sensual e incendiário, criando a eterna fama de sex-symbol. Logo ele, que queria ser visto como um artista sério. Arthur Lee, da banda Love, apaixonou-se pelo som dos Doors e levou-os para a editora Elektra, que contratou Paul Rotchild para produzi-los.



No final de 66, os Doors iniciam uma série de concertos no lendário bar Whisky A Go-Go, provocando um impacto enorme nos media. Rotchild aproveitou o pique e levou os meninos para o estúdio, onde gravaram as canções do primeiro disco em seis dias. Mais uma semana para misturas e escolha das músicas e o LP "The Doors" estava prontinho.



Em janeiro de 67 sai "The Doors" acompanhado do single "Break On Through". O single vinha com um vídeo promocional, uma espécie de ancestral do vídeo clipe. "Light My Fire" foi o segundo single e estourou, permanecendo durante 17 semanas nos tops. O primeiro disco é um clássico, uma das 10 estréias mais importantes da história do rock'n'roll. "Break On Though" mostra o vigor vocal de Morrison. O disco ainda trazia clássicos como a balada "The Crystal Ship", "Soul Kitchen", a poderosa "Light My Fire" com o seu teclado mágico, além de covers de "Alabama Song" de Kurt Weill e Brecht e o super blues "Back Door Man", de Willie Dixon. O clássico expressionista "The End" fecha o disco com esplendor. É talvez, a melhor letra da história do Rock, com versos intrigantes como "father/yes son?/I want to kill you/Mother/I want to fuck you". Tudo isso num arranjo épico, onze minutos de desespero e poesia.



Os Doors entram em estúdio para gravar o seu segundo disco, agora com tempo, paciência e dinheiro. Como andavam prolíficos, não paravam de compor coisas novas, fazendo com que o segundo disco saísse ainda em 67. "Strange Days" trazia uma bela capa e um conteúdo musical ainda melhor. Assim como o primeiro disco, é básico em qualquer discografia. O disco foi levado aos tops pelo single "People Are Strange". "Strange Days" ainda tinha como destaque a faixa-título, "Love Me Two Time", e a clássica "When The Music's Over", outro épico, agora de 12 minutos de puro blues rasgado e hipnótico. Com o sucesso, Morrison adoptou o traje de couro característico e assumiu a identidade de Lizard King ("Rei Lagarto"). Morrison também começava a ser tratado com um super ídolo, um sex-symbol ideal para as capas de revistas pop. As platéais iam-se expandindo e os Doors começaram a tocar em grandes estádios, sempre com platéias lotadas.



A 9 de dezembro de 1967, aconteceu um grave incidente num concerto da banda: em New Haven, Connecticut, Jim irrita-se com um polícia que o havia empurrado, fazendo um violento discurso contra o sistema policial. A polícia aproximou-se do palco e o cantor não parou com o discurso. Até que um oficial subiu ao palco e foi atingido no rosto pelo microfone do vocalista. Obviamente, os outros polícias subiram e prenderam-no.



Começava a ficar evidente que Jim Morrison era um artista fora do comum, contra o autoritarismo e as disciplinas da vida conservadora. Bebia em doses cavalares desde os primeiros ensaios dos Doors e dizia que o álcool era um "hábito integrado à cultura americana".



Em 1968, sai o terceiro disco, o bom "Waiting For The Sun". Juntamente com o álbum saiu o single "The Unknown Soldier". A banda faz um filme promocional para o single, onde Morrison é fuzilado e deixado morto coberto de sangue. A Elektra, assustada com o vídeo, veta o lançamento. "Hello I Love You" foi o segundo single de "Waiting For The Sun". Era uma música linda e extremamente pop, mostrando um novo caminho para a banda. Outro destaque foi mais uma poesia épica, "Celebration Of Lizard".



Morrison começou a revoltar-se e a ficar indignado com a idolatria do público e a megalomania dos concertos. Em Dezembro de 68, desiludido com a platéia que pedia "Light My Fire", Jim foi até o microfone e, quando todos se silenciaram, recitou "Celebration Of Lizard", agradeceu e retirou-se. Apanhado de surpresa, o público deixou que ele se fosse, sem vaiar ou aplaudir.



Em Julho de 69 sai mais um disco, "The Soft Parade", que não era tão inspirado como os anteriores. Possui arranjos inusitados, como cordas e metais. O principal destaque era "Touch Me", que mostrava o lado crooner de Morrison. Pouco antes do lançamento de "Soft Parade", havia ocorrido um célebre incidente em Miami.



Todos os concertos dos Doors eram polémicos e acidentados, mas este ficou marcado pela acusação de atentado ao pudor contra Morrison. Não se sabe exatamente o que aconteceu. Das milhares de fotos existentes daquele espectáculo, nenhuma mostra Jim desnudando-se ou fazendo gestos obcenos, conforme a polícia havia acusado, mas as conseqüências foram grandes: todos os concertos agendados foram cancelados, e os moralistas e conservadores criticavam-nos. No inferno astral que envolveu os Doors em 69, houve uma coisa positiva: a edição de dois discos de poesia de Morrison, "The Lords" e "The New Criatures". Ainda no final deste ano, Jim foi preso por excesso de álcool e desordem, provocando um tumulto num vôo para Phoenix, onde pretendia assisir a um concerto dos Rolling Stones.



Em 70, depois de muita pressão da editora, lançam o sensacional "Absolutely Live", gravado no Madison Square Garden, em Nova York, além de um novo disco de estúdio, "Morrison Hotel". O disco, que era o mais cru desde o primeiro, era mais um clássico, apagando a má impressão deixada pelo "Soft Parade". "Morrison Hotel", além do rock básico do grupo, trazia pitadas ainda maiores de blues, impressos claramente na clássica e maravilhosa "Roadhouse Blues". Outros destaques do disco eram "Queen Of The Highway" e a bela balada "Indian Summer". Os Doors faziam as pazes com o público e com a crítica. A banda fez uma grande turné pela Europa, tocando no famoso festival de Wight.



Nessa época, Jim começou a afirmar que ia sair do mundo da música, para se dedicar inteiramente à literatura e cinema, as suas grandes paixões. Bebia ainda mais. Deixou a barba crescer e a barriga tornar-se saliente, associando-se aos poetas beat da época. Não gostava da fama de Sex-Symbol. Os Doors, no entanto, decidem gravar um último álbum. Um álbum de blues.



"LA Woman", lançado em 71, não era somente de blues, mas uma continuação ainda melhor do excelente "Morrison Hotel". Continha mais alguns clássicos, como a faixa-título e a linda "Riders On The Storm". O último concerto da banda ocorre em 12 de dezembro de 1970, em New Orleans. Jim anuncia a sua saída do mundo da música.



Em Março de 1971, enquanto "LA Woman" havia sido lançado e recebia óptimas críticas, Jim muda-se para Paris com a sua namorada de longa data, Pamela, para se dedicar ao cinema. Em 3 de Julho, o cantor é encontrado morto pela namorada na banheira de um hotel de Paris, vítima de um ataque cardíaco fulminante. A morte não foi divulgada imediatamente, e sim só no dia 9 de Julho, para evitar uma cerimônia circense no enterro, como havia ocorrido com Janis Joplin e Jimi Hendrix.



Cada vez mais são levantadas suspeitas sobre se Jim Morrison realmente faleceu. Não se sabe, por exemplo, por que as autoridades americanas e francesas não tinham registo da sua presença em França naquele momento. Se eles tinham uma casa alugada, por que estavam num hotel? Por que Pamela nunca falou no assunto? Por que não foi feita a autópsia, usual em casos como este em França? Por que os integrantes da banda não puderam ver o corpo (John inclusive afirmou que o caixão era pequeno demais para o corpo de Jim)?



Depois da morte de Jim, os Doors gravaram mais dois discos de estúdio, os anémicos "Others Voices" e "Full Circle". Em 1978, saiu um póstumo bastante relevante, "An American Prayer", álbum de poemas recitados por Jim Morrison e musicados pelo resto dos Doors. Morrison gravou a voz nesses poemas no dia de seu aniversário de 27 anos, pouco antes de morrer.



Em 83, foi lançado mais um álbum ao vivo, "Alive She Cried", que não tinha a mesma força de "Absolutely Live". Em 1991, foi lançado o filme "The Doors", do realizador Oliver Stone, com Val Kilmer no papel do lendário vocalista. O filme, muito bom por sinal, mostrou os Doors às novas gerações, aumentando ainda mais o culto. Outros projetos: em 1997 saiu uma caixa com músicas ao vivo, raridades e música inéditas. Em 2000, saiu o óptimo tributo "Stoned Imaculated", com a participação de Days Of The New, Stone Temple Pilots e Aerosmith, entre outros. A magia permanece eterna.



Formação

Jim Morrison†

Ray Manzarek

John Densmore

Robby Krieger



Discografia



Álbuns de Estúdio

1967 - The Doors

1967 - Strange Days

1968 - Waiting for the Sun

1968 - Apocalypse Now

1969 - The Soft Parade

1970 - Morrison Hotel

1971 - L.A. Woman

1971 - Other Voices

1972 - Full Circle

1978 - American Prayer (realizado com gravações antigas de Jim Morrison, que faleceu em 1971)



Ao Vivo

1970 - Absolutely Live

1983 - Alive, She Cried

1985 - Live At Hollywood Bowl

1991 - In Concert

2001 - Live In Detroit

2001 - Bright Midnight: Live in America

2002 - Live in Hollywood

2007 - Live in Boston



Compilações

1970 - 13

1985 - The Best of The Doors

1997 - Box Set

2000 - The Best of The Doors

2001 - The Very Best of The Doors

2003 - Legacy: the Absolute Best

2006 - Perception

2007 - The Very Best of The Doors (40th anniversary mixes)

2008 - The Doors: Vinyl Box Set



Singles

1967 - "Break on Through (To The Other Side)"

1967 - "Light My Fire"

1967 - "People Are Strange"

1967 - "Love Me Two Times"

1968 - "The Unknown Soldier"

1968 - "Hello, I Love You"

1968 - "Touch Me"

1969 - "Wishful Sinful"

1969 - "Tell All the People"

1969 - "Runnin' Blue"

1970 - "You Make Me Real"

1970 - "Roadhouse Blues"

1971 - "Love Her Madly"

1971 - "Riders on the Storm"

1971 - "Tightrope Ride"

1972 - "Ships with Sails"

1972 - "Get Up and Dance"

1972 - "The Mosquito"

1972 - "The Piano Bird"



Site THE DOORS http://www.thedoors.com/

Discografia: http://www.heavymetalcenter.net/2010/07/doors-discografia-download.html 

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